quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ananias era assim


Ele chegou em Cruzeiro do Sul há quatro anos. Desde então, usou a sua inteligência misturada ao treinamento de delegado recém formado, para conhecer a população e a região do Juruá. Em pouco tempo ao dialogar com Ananias, já era possível notar o conhecimento que ele tinha sobre pessoas e localização geográfica desta região.

Pereira trabalhava ao lado de mais dois delegados, que não se adaptaram a região e se ausentaram como é costume da maioria. O jovem delegado, começou a fazer seu trabalho atendendo as cinco cidades do Juruá Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves, certo que era provisoriamente. Mas, o tempo foi passando e Ananias não esperou, continuou a fazer o seu trabalho.

Em pouco tempo, começou a ter reconhecimento pela sua destreza com que comandava a elucidação dos crimes. Ganhou respeito por agir com firmeza, e nunca se negou em dirigir-se a população através dos meios de comunicação.

Sua vós rápida narrava os crimes, sua voz firme e autoritária evitava outros. Em certas ocasiões ele alertava, “aviso aos navegantes que se alguém for encontrado fazendo........ vamos agir com todo rigor que manda a lei, repito, se alguém for encontrado........).

Ao se preparar para uma missão, Ananias demonstrava entusiasmo com a profissão. Ele se equipava com orgulho, vestia uma roupa escura, se armava com a pistola e em muitos casos com uma metralhadora, principalmente quando a missão era no interior. O colete a prova de balas era indispensável, vestia uma roupa escura. O colete a prova de balas era indispensável, parecia se inspirar em algum herói dos filmes fictícios para salvar vidas na realidade.

Os policiais não sabiam dizer “não” ao amigo. Pelos menos seis que realizavam missões junto com ele, em muitos casos ao serem convocados para trabalhar durante a noite, feriados e fim de semana não se negavam, mesmo sem ganharem qualquer adicional no salário. Eles foram conquistados pelo respeitado Ananias. A relação com os policiais não era apenas profissional, eram tratados como irmãos. Problemas pessoais eram discutidos e compreendidos pelo delegado.

Como filho de um pastor evangélico Pereira nunca deixava de citar o nome de Deus usando sempre a frase “se Deus quiser, Aquele lá de cima”.

Ananias com seu espírito operacional, por várias vezes realizou ao lado de policiais, prisões de bandidos em seringais e rios da região do Juruá pela madrugada. Horário em que jamais alguém vivendo em um lugar tão distante, imaginava ser surpreendido pelo próprio delegado de polícia.

Nunca a imprensa de Cruzeiro do Sul, teve uma parceria tão grande com um delgado de polícia. Ananias jamais negou-se a conceder entrevista sobre qualquer assunto da sua área. Ele jamais disse que entrevista atrapalharia as investigações, o diferencial é que sempre teve um controle no que dizia, falava sempre na dose certa.

Nas semanas que antecederam sua morte, Ananias comentou sobre a morte de dois policiais civis Gelásio e Maurino e do policial militar Marinheiro que morreu afogado no Rio Juruá. Ele brincou, “rapaz o negócio está feio, se a partir de agora for pela ordem alfabética, o próximo será eu ou o Alfredo” disse ele se referindo ao agente de Polícia Civil Alfredo.

Em uma outra ocasião, a imprensa fazia uma entrevista sobre um homicídio em um ramal da BR-364, onde um agricultor morreu com uma facada na perna. Antes da entrevista, Ananias falava sobre a morte. “Eu costumo dizer que a morte é muito ingrata, lembra do Macílio que fugiu da penal. Estava no meio da mata, foi mordido por uma cobra, depois de muitos dias chegou ao hospital, falaram que uma perna dele seria amputada e hoje está ai com saúde. E um trabalhador que leva uma facada na perna morre instantaneamente, realmente não dá pra entender” conversou.

Eu Genival Moura nos últimos meses, tenho trabalhado mais com a cobertura de notícias policiais. Com a responsabilidade de deixar a população informada. Por algumas vezes chegava à delegacia na manhã de segunda-feira, e quando tinham acontecido crimes de repercussão, nestes casos o boletim estava trancado na sala do delgado, ele já havia realizado o flagrante no domingo. Eu tinha a ousadia de sete da manhã, acordardá-lo com um telefonema e ele prontamente me recebia em seu apartamento, onde era feita uma participação ao vivo pelo rádio e todo vale do Juruá ficava a par do acontecimento.

Mas de repente e de maneira misteriosa, Ananias têm a vida ceifada de maneira cruel e misteriosa. Mesmo depois da realização do exame de resíduo gráfico que algumas das próprias autoridades tiveram a coragem de dizer que seria decisivo, talvez tenham aumentado às dúvidas, esse exame não prova nada. A própria polícia admite que é só uma pequena parte da investigação.

Lamentamos profundamente que o próprio Secretário Estadual de Segurança Antônio Monteiro, tenha afirmado que uma noite após o acontecimento, que tratava-se de um disparo acidental, sem que as investigações sequer tivessem começado. Ananias não ia gostar, ele era muito profissional.

Nunca se viu uma cidade tão chocada pela morte de alguém que trabalhava para colocar os outros na prisão. Ananias conseguiu ser amigo dos bons e compreendido pelos maus. Obrigado Sena Madureira por formar um cidadão tão respeitado as nossas cidades nunca estiveram tão unidas. Cruzeiro do Sul não é mais a mesma depois que Ananias Partiu.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Moveleiros da floresta estão sem matéria-prima

“O setor moveleiro em Cruzeiro do Sul está em dificuldade por falta de matéria prima, quando nós estamos querendo nos adaptar aos órgãos ambientais, vêm às mudanças que acabam nos prejudicando”. Esta afirmação foi feita pelo presidente da associação dos moveleiros de Cruzeiro do Sul Hélio Pedrosa, ao receber a visita de um grupo de deputados estaduais na tarde de segunda-feira, 14 de agosto.

Hélio disse que o setor está enfrentando dificuldades para cumprir com um acordo feito com um empresário da Venezuela, para entregar mensalmente 700 portas. O negócio foi fechado durante uma exposição dos moveis do Juruá. “Mandamos à primeira remessa, mas a outra está atrasada”.

Um grupo de profissionais da área de marcenaria, tinha acabado de chegar de uma feira de móveis em São Paulo. Dois moveleiros e um madeireiro de Cruzeiro do Sul, levaram para São Paulo seis tipos de móveis feitos de madeira como o louro preto, violeta e outros. Todos os móveis foram feitos com detalhes em fibras e marchetaria, utilizando o contraste das cores fortes das madeiras.

A aplicação da marchetaria, que é a arte do desenho, encaixe e entalhe da madeira sem o uso de pregos, é marca registrada dos móveis do Juruá, o diferencial que encantou os lojistas de vários estados e paises que visitaram a FENAVEN.

A coordenadora do Sebrae em Cruzeiro do Sul Laíres Mappes, instituição que é a principal parceira do setor moveleiro, também lamentou a rigidez dos órgãos ambientais que em muitos casos segundo ela “preferem deixar a madeira ser queimada dentro dos roçados, do que permitir que seja utilizada para fabricação de móveis”.

O maior lamento dos profissionais da área perante os deputados, é quanto à intolerância do Ibama com relação à madeira já retirada em áreas desmatadas por agricultores para o plantio que acabam não sendo aproveitada.

O presidente da Assembléia Legislativa do Acre, deputado Edivaldo Magalhães (PC do B) disse que os produtores possuem o que é mais importante em um negócio que é um produto de qualidade e competitivo no mercado. “ O que tem que ser resolvido é este problema de suprimento, nós temos uma legislação que tem que ser cumprida. Mas por outro lado existe um grande desperdício de matéria prima, a maioria da madeira de pequenos roçados está se transformando em fumaça, enquanto deveria está gerando riquezas”.

Edivaldo prometeu convocar uma reunião com os órgãos ambientais para debater o assunto. “Vamos colocar em uma rodada de negociação o Ibama, Imac, Secretaria de Floresta e Secretaria de Planejamento do governo, para discutir os problemas com os deputados” Finalizou Edivaldo Magalhães.